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Afinal, o que é Design?

  • Foto do escritor: Projeto Alumeia
    Projeto Alumeia
  • 4 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura


Definir Design é algo um tanto quanto complexo, já que é uma área que não trata apenas de criar artes bonitas ou desenvolver um carro novo para o mercado. Essas ações fazem parte do Design, e não apenas o que é fazer Design.


Pelo dicionário do Google, a palavra Design significa: “A concepção de um produto (máquina, utensílio, mobiliário, embalagem, publicação etc.), esp. no que se refere à sua forma física e funcionalidade. O produto desta concepção.”.


Vilém Flusser (2017, p. 179), um grande teórico do Design, afirmou em seu livro O Mundo Codificado que “Em inglês, a palavra Design significa: Propósito, plano, intenção, meta, esquema maligno, conspiração, forma, estrutura básica ou, até mesmo, tramar algo, simular, projetar, esquematizar, configurar, proceder de modo estratégico.”


Falar sobre o significado da palavra é importante para entender sua essência funcional, então, partindo desse entendimento, Design é:


Fazer coisas de forma estratégica.


E aí você pergunta: ‘Então não é somente criar um cartão de visita?’


A resposta é: não, porque o cartão visita será um resultado da compreensão do que uma empresa, por exemplo, precisa para alcançar seus objetivos. Mas nem sempre uma empresa precisará de um cartão de visita físico.


Confuso? Calma, vamos falar mais.


Dentro do Design existem diversas atividades, por isso, não é fácil dizer em uma palavra só o que essa área significa.


A gente pensa em estratégia quando fala em Design, porque não é só criar algo no photoshop ou editar um vídeo, é importante entender o motivo de precisar criar algo, como será criado, para quem, quando, quem será afetado, quem vai pagar para isso ficar pronto, qual é o espaço para a produção desse material, quem vai participar da construção disso? Porque Designers não são entidades super evoluídas que criam coisas sozinhos, não. Além de ser uma área estratégica, é também interdisciplinar.


Fazer junto, no coletivo, é algo que precisa ser valorizado no Design, porque somente assim o profissional conseguirá compreender com mais profundidade como criar essa tal coisa, seja um cartão de visita, um carro, um site


Design é uma área que funciona como um guarda-chuva, onde cabe diferentes áreas que se relacionam e compõem esse grande guarda-chuva.


De acordo com Mugendi M’Rithaa, “Temos de mudar o ‘Godesigner’ [Deus designer, do termo em inglês], aquele que se senta em um pedestal e dita as soluções de design sem reconhecer as necessidades do consumidor. Tamanha arrogância não tem lugar no mundo. Felizmente, os ventos da mudança já estão soprando” (M’RITHAA, 2015 apud GALANI, 2015). - Mugendi é um designer queniano, e falamos um pouco sobre sua trajetória em um post no Instagram, que você pode acessar clicando aqui.


Alguns professores afirmam que um designer soluciona problemas, porém essa é uma visão que limita o desenvolvimento de produtos a uma ação muito palpável, dando a sensação de rapidez, como se um problema social complexo pudesse ser resolvido apenas com o desenvolvimento de um produto X, desconsiderando o fato de que muita coisa será transformada com o passar do tempo ao invés de algo imediato.


No Design temos o objetivo de solucionar problemas, mas esses problemas não são somente coisas físicas. Os problemas podem estar relacionados à comunicação, falta de acesso físico e intelectual, pensamento e milhares de outras coisas, que são compreendidas antes de começar o processo de desenvolvimento desse tal produto.


Muitas vezes o cliente/usuário/empresa quer um cartão de visita, porque acha que precisa melhorar suas vendas mas, na verdade, essa pessoa precisa de Re-branding, que consiste justamente em pensar em como sua empresa se comunica com o mundo.


Vai muito além de um cartão.


A definição mais apropriada para o momento é:


Design é pergunta.


Temos que nos afastar da necessidade de afirmar coisas e nos aproximar das perguntas, para chegarmos à possíveis caminhos para o desenvolvimento de algo.


O Designer olha o mundo, questiona porque esse mundo acontece assim, escuta, observa, analisa como as pessoas se relacionam, como se sentem diante dessa realidade, quais são as limitações, pergunta de novo, entende e sugere possibilidades para a criação de possíveis alternativas, que não serão o fim dessa possível solução, porque podem surgir novas perguntas a partir dessa alternativa criada ou pode-se entender que essa alternativa não funciona, e então o processo de perguntas começa novamente.


Design é questionar as realidades, com fundamentos e muita pesquisa antes de seguir qualquer caminho.


Não tem resposta pronta ou uma receita de bolo para Design.


É provável que as pessoas tenham dificuldade em compreender as particularidades do porque no mercado sempre existe o caminho mais fácil e, como nós sabemos mexer em ferramentas de criação, os empresários querem se aproveitar disso e nos transformar em um Disk Design, que é aquele Design feito para ontem, com urgência, de imediato, sem estudo, sem criação com essência, sem entendimento da situação.


É complicado, não tem como dizer o contrário, mas a nossa luta enquanto Designers é justamente ir contra essa correnteza do fácil e mostrar ao mundo que Design é o futuro da sociedade.


Em breve falaremos mais sobre diferentes segmentos dentro do Design. Por enquanto, fique com esse entendimento complexo da palavra e da área.


Fala pra gente o que achou do texto. Vamos amar saber o que você pensa.


Referências:


FLUSSER, Vilém. O mundo codificado. São Paulo: UBU, 2017.


GALANI, Luan. O design que vem da África. Gazeta do povo. Curitiba, 26 ago. 2015. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/design/a-revolucao-que-vem-da-africa/. Acesso em: 01 ago. 2020.


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