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  • Foto do escritorProjeto Alumeia

Design Editorial



Os conhecimentos são registrados em suportes físicos há milênios. O processo de evolução do que hoje conhecemos como um livro impresso teve início há 4 mil anos. Textos eram registrados em tabuletas de argila, na região da Mesopotâmia, e quem escrevia ou lia tais materiais era chamado de escriba. Os métodos de escrita e suporte de registro foram sendo aprimorados, passando por papiro, por pergaminho, até chegar ao papel como conhecemos hoje e seus diferentes tipos. Todo o processo se desdobrou tanto no Oriente Médio quanto na Ásia.


Lá pros anos de 1455, Johannes Gutenberg ficou bastante conhecido por difundir a imprensa, prensando tábuas de metal pintadas com tinta sob o papel, transferindo os escritos da tábua para o papel. A imprensa foi o método de impressão de papéis que revolucionou a produção em massa de livros semelhantes ao que vemos hoje em bibliotecas e livrarias, conforme a figura 2.


Figura 1: Bíblia impressa por Johannes Gutenberg

Figura 2: Tipos móveis


A especialidade de design gráfico foi oficializada somente no século XX, com a escola alemã Bauhaus, apesar das suas práticas existirem desde as primeiras confecções e aplicações de tipos móveis, encadernações e diagramações dos primeiros livros (HURLBURT, 1986).


A função do designer que trabalha no ramo editorial, é pensar na natureza visual e tátil dos livros ou revistas. No caso do livro físico, o profissional se dedica ao seu visual externo, como tipos de encadernação e material para a capa que mais se adequem ao conteúdo. A parte interna se aplica tanto para o físico quanto o digital: a diagramação, seleção de tipografia em conjunto com o editor dos textos, também junto com ilustradores e fotógrafos fazendo a direção de arte das imagens que serão aplicadas (HASLAW, 2007).


A diagramação é a prática de organizar informações em um espaço disposto em um livro, de uma revista, em uma sinalização ou sistema digital. “o diagrama proporciona ao designer um método próprio para organizar os elementos tipográficos e visuais do layout, estabelecendo relação de cada um deles com a configuração total” (HURLBURT, 1986, p. 83). Uma das formas de organizar é através do sistema de grades (chamado comumente de grids - figura 3), na qual é possível criar e separar a página por áreas, criando grupos simétricos ou assimétricos, em uma página que permite orientar onde incluir as informações (ARTY, 2018).



Figura 3: Sistema de Grade


  • A margem é a área externa do conteúdo, onde somente contém espaços vazios nas laterais, cabeçalho no topo e rodapé na parte de baixo. Caso necessário o cabeçalho e o rodapé podem estar dentro da área do conteúdo, tendo uma área de respiro maior ao redor;

  • Cabeçalho e rodapé são áreas onde contém geralmente informações como título e subtítulo, data e número da página;

  • Colunas são áreas verticais na qual se divide a área de conteúdo. O número de colunas deve ser definido pelo próprio designer conforme a necessidade;

  • As calhas são os espaços que dividem as colunas e linhas;

  • Módulos são os espaços criados entre duas linhas e duas colunas;

  • Módulo especial ou zonas especiais, são a junção de vários módulos que formam um.

Utilizar sistema de grades não é uma regra absoluta. De acordo com a necessidade é possível não utilizar, como livros totalmente ilustrados e também quando a tipografia entra como elemento estético (HASLAW, 2007).



Figura 4: página sem grid


A tipografia é um elemento essencial, pois é por meio do texto que as informações são passadas de forma detalhada. No caso de livros, Beatrice Warde (1956, tradução nossa) "compara a tipografia com uma taça de vinho, independente se ela é de cristal ou de totalmente de outro o que a pessoa irá se deliciar é o vinho, porém, uma taça de ouro atrai o olhar da pessoa pela sua aparência, já a de cristal é transparente, a pessoa vê o conteúdo que será deliciado." Com essa metáfora, a tipografia tem a função de acompanhar o texto conforme o que ele quer informar, e não atrair total atenção, exceto, quando for intencional. Há casos onde o texto tem valor estético, que complementa uma ilustração ou sua forma é a ilustração (figura 5).


Logo menos falaremos sobre Tipografia de forma mais aprofundada. Fique de olho!



Figura 5:Tipografia ilustrativa


Materiais


Há diversos tipos de materiais que podem ser utilizados em um projeto editorial. O papel é básico. Existem diversos tipos de papéis que são divididos por densidade e gramatura, entre 35g/m² e maior que 350 g/m² (g/m² significa gramas por metro quadrado de folha), quanto maior a numeração, mais pesado e mais rígido será o papel, características que também influenciam no valor. Entre as características mais comuns, temos:



Figura 6: características do papel


Outra característica do papel é o tamanho (figura 6). O padrão comumente utilizado no Brasil são as séries A da norma ISO 216, sendo A0 a maior e A8 a menor. Suas medidas são em mm (milímetros) dispostas Largura X Altura, a A0 é 841x1189mm enquanto a A1 é 594x841mm, ou seja, a A0 são duas A1s dispostas lado a lado, e assim sucessivamente. Essas medidas são os padrões utilizados, mas o projeto pode ter uma medida personalizada, porém, sairá mais caro! Os tamanhos padrões possibilitam que as gráficas imprimam uniformemente as páginas, não precisando fazer cortes adicionais que geram desperdícios de papéis (CRISTIAN, 2015; TAMANHOS DE PAPEL).



Figura 7: tamanhos do papel


Para uma imersão mais aprofundada sobre design editorial, indicamos o livro o Livro e o Designer III: Como criar e produzir livros de Andrew Haslam, entre diversos conteúdos citados também há um capítulo que demonstra a aplicação da proporção áurea em uma página para obter maior equilíbrio visual entre os elementos.




REFERÊNCIAS


ARTY, David. Guia sobre Grid no Design. Chief of Design, 2018

Acesso em: 28/12/2020.


CRISTIAN, Liute. Conheça os tipos de papel para design gráfico. Clube do Design, 2015.

Acesso em: 28/12/2020.


KWG. Gramatura de papel: tudo o que você precisa saber. Gráfica KWG, 2018

Acesso em: 28/12/2020.


Tamanhos de papel.

Acesso em: 28/12/2020.


JULIO. Tipos de -acabamentos gráficos. Hello Print, 2017


HASLAM, Andrew. O Livro e o Designer II: Como criar e produzir livros. ed. 2. São Paulo: Edições Rosari, 2007. 256 p.


HURLBURT, Allen. Layout: O design da página impressa. 1 ed. São Paulo: Editora Nobel, 1986. 160 p.


WARDE, Beatrice. The Crystal Goblet: Sixteen Essays on Typography. Cleveland: World Publishing Company, 1956. Disponível em: <http://users.clas.ufl.edu/burt/%20%20%20%20%20%20Materialities%20of%20text%20paper%20persons%EF%80%A8/Beatrice%20warde%20typography%20crystal.pdf>. Acesso 05/12/2020.


FIGURAS

Figura 1 - Bíblia impressa por Johannes Gutenberg (HASLAW, 2007, p.7)


Figura 2 - Tipos móveis


Figura 3 - Sistema de grade

Criação própria baseado em ARTY, 2018


Figura 4 - Página sem grid (HASLAW, 2007, p.70)


FIgura 5 - Tipografia ilustrativa

Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/18999629658683860/>


FIgura 6 - Características do papel

Arte do autor


Figura 7 - Tamanho de papéis.

Arte do autor com base em Tamanhos de Papel.com

Acesso em: 28/12/2020.



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