Por que a fotografia em Preto e Branco impacta tanto?
- Projeto Alumeia
- 13 de ago. de 2020
- 3 min de leitura

Imagine uma régua, no extremo esquerdo temos o branco e no extremo direito, o preto. Entre esses dois, há vários tons de cinza, do mais claro ao mais escuro respectivamente.
Essas são as bases para uma fotografia monocromática: vários tons da mesma cor, no caso o preto e o branco (P&B).
Repare nas imagens abaixo:

Nesta temos cores bem minimalistas, um ponto que atrai o olhar é onde há luz.

Já nesta temos somente o preto, o branco e tonalidades de cinza.
A diferença é que não há cor para atrair a atenção, somente os pontos com maiores contrastes.
Os eventos de cor, segundo Luciana Silveira (2005), são as segregações entre dois pontos (pixels) que compõem a imagem que forma a representação da luz ou da ausência dela ou o que dá a textura. O contraste é um dos fatores que contam como principal no impacto final que vemos em uma imagem P&B.
Existe uma polêmica que afirma que preto, branco e cinza não são cores por não possuírem matizes. Luciana Silveira (2005) explica que além de serem cores, pela combinação de matizes (o branco), e absorção e reunião de várias matizes (o preto), o branco e o preto são tradução de cores. A cultura, a subjetividade e o repertório visual, armazenados no cérebro através da memória de cada um, influenciam em como a pessoa pode encarar uma imagem em P&B.
Então, uma imagem em P&B pode impactar por, além de carregar um tom dramático através do contraste entre o claro, escuro e nuances, também ter o fator tradutório da cor. Inconscientemente e em segundo plano nossa memória é ativada e nosso cérebro se força a imaginar a foto com cores.
“Longe de serem imagens sem vida, sem variedade ou sem sentido,as imagens em preto-e-branco fazem parte do mundo físico visual como ’chaves’ ou partes integrantes da construção perceptiva cromática em cada indivíduo, fazendo explodir cores subjetivas e particulares, sendo por isso muito mais brilhantes e misteriosas que as cores fisicamente fixadas nas imagens.” SILVEIRA (2005, p. 154)
Você já deve ter sentido algo forte, um peso, quando viu uma fotografia como as do Gal Oppido (@galloppido), da Nana Moraes (@nanamoraes_fotografia) ou do Araquém Alcântara (@araquemoficial), ou se emocionou muito quando assistiu Roma (Alfonso Cuarón), A Lista de Schindler (Steven Spielberg) ou se abalou com cada frame de O Farol (Robert Eggers), e também deve ter reparado que filmes foram relançados com versão P&B como Logan (James Mangold) e o tão falado Parasita (Bong Joon-ho).
Uma fotografia em P&B não é melhor ou pior que fotografia com cor. A cor complementa a composição, dá vida à obra e nos estimula de forma complexa, despertando sentimentos e sensações que uma fotografia P&B não desperta. Mas não podemos negar que uma fotografia em P&B tem uma forte carga dramática que nos impacta quando a vemos.
Faça um teste: pegue uma foto da internet ou tire uma foto de algo que você gosta, depois utilize um aplicativo de celular ou programa de computador que possa deixar ela em P&B. Com isso, repare nas duas versões e veja o que sente quando olha cada uma, depois mostre para alguém e veja a reação da pessoa.
Uma dica, a artista brasileira Marina Amaral (@marinaarts) dá cor de forma realista à fotografias antigas. Vá lá e aprecie o trabalho dela!
REFERÊNCIAS
SILVEIRA, Luciana Martha. A cor na fotografia em preto-e-branco como uma flagrante manifestação cultural. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, n. 1, out. 2005. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/2458. Acesso em: 04 ago. 2020.
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